sexta-feira, 28 de agosto de 2015

Elogiar: Sim, Não, Como e Quando?

Cada vez mais neste ritmo frenético dos nossos dias vivemos obcecados em ser bons pais, boas mães, fazer tudo direitinho e não deixar que falte nada à nossa criançada, pelo menos no que toca à nossa responsabilidade.

Passamos o dia a dizer-lhes que estão bonitos, que são bons e inteligentes e que os adoramos! Certo?! E, na verdade, para nós… são! São o melhor do mundo porque são nossos. São seres únicos e especiais.

Mas, será que lembra-los a toda a hora dessa auréola encantada que nós vemos (dos príncipes e das princesas!) e o quanto os adoramos não terá o efeito paradoxal e, até quem sabe, os poderá prejudicar no futuro?

Inegavelmente elogiar os nossos pequenotes em qualquer que seja a fase desenvolvimental em que se encontram é bom, é saudável, no entanto, como em tudo, a ciência diz-nos que o que é bom mesmo é ter peso, conta e medida! Isto é: elogiar sim, mas com freio!  Na verdade quando fixamos determinados padrões como por exemplo “és tão inteligente”, “és o melhor a matemática” estamos indiretamente a lembra-los que têm que manter a fasquia e que talvez se falharem não vamos achar assim tanta piada quanto isso. E eles vão ouvindo… processando, o que diariamente lhes vamos dizendo… vão interiorizando…

… e essas vozes outrora nossas, passam a ser muitas vezes “auto-instruções” internas ( sabem…  o nosso anjinho ou o nosso diabinho!) podem, na verdade, contribuir para uma enorme pressão de corresponder às expetativas, sentindo-se fracassados quando não conseguem almejar o pretendido. Ou o que consideram por nós pretendido.

Com efeito, o elogio em demasia pode levar a que os pequenotes tenham a necessidade de aprovação externa isto é que os que lhe são próximos validem os seus comportamentos/ações, podendo quando tal não acontece correrem o risco de se tornarem inseguros e ansiosos desenvolvendo pouca autonomia no seu quotidiano e, em termos sociais, relações pouco securizantes. Assim, invés de os motivarmos para a ação e os ajudarmos a arriscar (aquela frase de: acordá-los para a vida!!! J ), correr desafios, lutar, podemos estar sem querer a contribuir para gerar comodismo, inadaptação, arrogância e presunção.

…  verdade, verdadinha, dependendo de como se “paparica” elogiar pode ser um risco! J

Então, o quê e como elogiar?

Está provado que tem mais efeito elogiar o esforço do que elogiar o resultado (as nossas “pipocas ou os nosso rebuçadinhos” devem perceber que o que fazem depende deles e não da sorte alheia!), isto é, reforçar o processo do que o fim em si mesmo. Surtirá mais efeito dizer-se: “deves ter trabalhado muito nesta tarefa! Do que “és muito bom”. Este elogio deve ser contingente (na hora!) e sim, guiado por um objetivo.

Logo:

  •          Incentive comportamentos de autonomia;
  •          Reforce valores;
  •          Seja sincera, diga a verdade e não elogie por elogiar!
  •          Elogie bons comportamentos e não o pequenote em si;
  •          Elogie quando realmente tal o merecer e não por tudo e por nada – não vale a pena exagerar!
  •         Evite elogios envenenados (ex:. “Vês, se tu quiseres tu consegues!” – parece que das outras vezes não conseguiu porque não quis.)
  •         Elogie com conteúdo (tu nunca desistes; como fizeste? ensinas-me a fazer isso? fazemos uma grande equipa,…,).


Não tenham medo, eles vão ser tanto ou mais felizes quanto acreditarem neles (pela sua própria experiência e com um pequeno empurrãozinho nosso!).  




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