Cada vez mais neste ritmo
frenético dos nossos dias vivemos obcecados em ser bons pais, boas mães, fazer
tudo direitinho e não deixar que falte nada à nossa criançada, pelo menos no
que toca à nossa responsabilidade.
Passamos o dia a
dizer-lhes que estão bonitos, que são bons e inteligentes e que os adoramos!
Certo?! E, na verdade, para nós… são! São o melhor do mundo porque são nossos. São
seres únicos e especiais.
Mas, será que lembra-los
a toda a hora dessa auréola encantada que nós vemos (dos príncipes e das
princesas!) e o quanto os adoramos não terá o efeito paradoxal e, até quem sabe,
os poderá prejudicar no futuro?
Inegavelmente elogiar os
nossos pequenotes em qualquer que seja a fase desenvolvimental em que se
encontram é bom, é saudável, no entanto, como em tudo, a ciência diz-nos que o
que é bom mesmo é ter peso, conta e medida! Isto é: elogiar sim, mas com freio!
Na verdade quando fixamos determinados
padrões como por exemplo “és tão inteligente”, “és o melhor a matemática”
estamos indiretamente a lembra-los que têm que manter a fasquia e que talvez se
falharem não vamos achar assim tanta piada quanto isso. E eles vão ouvindo…
processando, o que diariamente lhes vamos dizendo… vão interiorizando…
… e essas vozes outrora
nossas, passam a ser muitas vezes “auto-instruções” internas ( sabem… o nosso anjinho ou o nosso diabinho!) podem, na
verdade, contribuir para uma enorme pressão de corresponder às expetativas,
sentindo-se fracassados quando não conseguem almejar o pretendido. Ou o que
consideram por nós pretendido.
Com efeito, o elogio em
demasia pode levar a que os pequenotes tenham a necessidade de aprovação
externa isto é que os que lhe são próximos validem os seus comportamentos/ações,
podendo quando tal não acontece correrem o risco de se tornarem inseguros e
ansiosos desenvolvendo pouca autonomia no seu quotidiano e, em termos sociais, relações
pouco securizantes. Assim, invés de os motivarmos para a ação e os ajudarmos a
arriscar (aquela frase de: acordá-los para a vida!!! J ), correr desafios, lutar, podemos estar sem
querer a contribuir para gerar comodismo, inadaptação, arrogância e presunção.
… verdade, verdadinha, dependendo de como se
“paparica” elogiar pode ser um risco! J
Então, o quê e como
elogiar?
Está provado que tem mais
efeito elogiar o esforço do que elogiar o resultado (as nossas “pipocas ou os
nosso rebuçadinhos” devem perceber que o que fazem depende deles e não da sorte
alheia!), isto é, reforçar o processo do que o fim em si mesmo. Surtirá mais
efeito dizer-se: “deves ter trabalhado muito nesta tarefa! Do que “és muito
bom”. Este elogio deve ser contingente (na hora!) e sim, guiado por um
objetivo.
Logo:
- Incentive comportamentos de autonomia;
- Reforce valores;
- Seja sincera, diga a verdade e não elogie por elogiar!
- Elogie bons comportamentos e não o pequenote em si;
- Elogie quando realmente tal o merecer e não por tudo e por nada – não vale a pena exagerar!
- Evite elogios envenenados (ex:. “Vês, se tu quiseres tu consegues!” – parece que das outras vezes não conseguiu porque não quis.)
- Elogie com conteúdo (tu nunca desistes; como fizeste? ensinas-me a fazer isso? fazemos uma grande equipa,…,).
Não tenham medo, eles vão
ser tanto ou mais felizes quanto acreditarem neles (pela sua própria experiência e
com um pequeno empurrãozinho nosso!).
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