Muitos dos pedidos de consulta prendem-se com queixas de desatenção. "É distraído, não ouve o que se lhe diz,..., parece que não está lá..., está sempre no mundo da lua"...
É frequente chegarem-me pais preocupados porque não sabem se o seu filho é na verdade distraído ou tem défice de atenção. A medo, procuram ajuda ou fazem-no porque as queixas em contexto escolar sucedem-se e já não sabem mais o que fazer. Pensavam que como o tempo tudo passava mas nalguns casos, não, não passou. Nem podia, pois por detrás de um verdadeiro défice de atenção existem alterações na dopamina e na noradrenalina.
Então, quando temos um verdadeiro défice de atenção?
Nem todas as crianças têm défice de atenção. Algumas são apenas crianças e... distraídas. O verdadeiro défice de atenção é bem mais do que apenas distração. Daí que seja importante percebermos que o défice de atenção corresponde àquela criança ter frequentemente e em diferentes contextos períodos curtos de atenção e, normalmente, uma impulsividade ou agitação psicomotora marcada para a sua idade o que faz com que não consiga levar até ao fim as tarefas ou as faça com elevado prejuízo. Nestes casos é comum ouvirmos: "salta de tarefa em tarefa, não faz nada até ao fim... para terminar os trabalhos só a chicote..."
hum... sendo assim então quem tem défice de atenção tem sempre hiperatividade?
Não. O défice de atenção pode estar ou não associado à hiperatividade pois às vezes é mesmo e só défice de atenção. Nestes casos costumamos dizer que estamos perante um défice de atenção não sindromático isto é não se encontra relacionado com outra perturbação.
Apesar de poder também atingir os adultos é mais comum na idade infantil e no sexo masculino afetando cerca de 10% das crianças em idade escolar. E, quase sempre as primeiras manifestações começam a aparecer antes dos 4 anos de idade... Sim, antes dos quatros anos...na idade pré-escolar - daí a importância significativa dos educadores no conhecimento e no despiste deste quadro.
Deve-se a quê, perguntam vocês? Quais as causas?
Do que se sabe o défice de atenção é hereditário isto é quase sempre o pai ou a mãe têm défice de atenção podendo também ser causado por anomalias nos neurotransmissores cerebrais. Claro que o meio ambiente, o nosso contexto familiar potencia ou minimiza esta influencia.
Para que o impacto na vida da criança e na sua autoestima seja menor é ideal fazer-se a avaliação e caso o diagnóstico se confirme a intervenção medicamentosa e comportamental pois os riscos da não intervenção são imensos. Não só para a família mas sobretudo para a criança que na idade escolar pode encontrar-se associado à ansiedade, dificuldades de aprendizagem, aos problemas de comportamento e na adolescência a consumos, agressividade e/ou depressão.
a vossa psicóloga
Encontram-me no 5 Sentidos |aqui| e no Centro Clínico de Aveiro
euelesnosevoces@gmail.com!!
Sem comentários :
Enviar um comentário