segunda-feira, 24 de agosto de 2015

Amor e Limites: será que rimam?!


Muitos dos problemas que trazem os papás às sessões passam por dificuldades na gestão comportamental. Na verdade, quase diariamente chegam pedidos de ajuda por: “já não sabemos mais o que fazer; não consigo lidar com ele; não consigo fazer com que me ouça ou obedeça; a minha vida está um inferno; só tenho queixas; não tenho paz”….
Nos últimos anos, infelizmente, é cada vez mais uma temática recorrente e, de todos nós, muito familiar!! Right?!
Mas… o que agrava ou descansa é que,
esta dificuldade não é só de casa… Este desafio na gestão comportamental não acontece só no “nosso” ninho sendo transversal a vários, se não todos os contextos sociais. Quando falo de contextos, falo por exemplo da escola: dos professores/educadores que estão pelos cabelos, de rastos, esgotados, consumidos por já não saberem mais como lidar com a insubordinação, ou até saberem, mas não puderem (vozes mais altas erradamente se levantam!! Dava outro post!! :)). Falo da comunidade: figuras da autoridade que ficam baralhados sobre como fazer, e de tantos outros agentes educativos que estão “piursos” com as birras, os maus comportamentos, a insolência. Enfim…. Mas não há que assustar! smile emoticon
Importa ter presente que determinadas reações comportamentais são normativas em certas fases do desenvolvimento e é naturalmente bom que aconteçam porque estruturam, destrinçam “o trigo do joio” e orientam para o futuro. (Sim, não é preciso fazer dramas de uma birra de uma criança aos 2 anos! E não é aos doze meses que vamos querem que se comportem como “uns meninos”)
No entanto, neste olhar mais global sobre o comportamento e numa perspetiva que não pretendo redutora porque o nosso comportamento tem muito mais de maravilhoso e interessante do que de ”pegajoso” ou negativo importa pensar no que resulta ou não da equação Amar e Regrar, Amar / Educar se quiserem.
Não será, o ato de disciplinar (entenda-se não a disciplina convencional, mas sim disciplina enquanto conhecimento e instrução), o ato de “limitar” uma responsabilidade comum, conjunta e um dos grandes desafios das sociedades modernas. Não será este ato um sinónimo de Amor!?! Mas, o que está a acontecer? A que estamos quase que me arrisco a dizer “passivamente” (perdoem-me-!) a assistir?
Ora pois: parece uma enorme dificuldade em educar. Sim, talvez tenhamos passado do 8 ao 80, da formiga rabiga ao gigante, do pequeno ao grande.
Pais, professores, técnicos, tios e avós, o que sejam…. Importa assumir sem medo que todos nós temos o nosso papel, o nosso lugar, mas todos devemos ter também um princípio orientador e comum: formar crianças felizes, melhores cidadãos, ajudar assim na construção de um mundo melhor! E isso não passa necessariamente por lhes dar ou ceder a tudo! Amar, não é dizer a tudo que sim, ou no reverso da medalha querer que compreendam o não só porque não. Só porque o rei deste castelo afinal sou eu!!
A difícil dança do limbo!
Quero com isto dizer que, talvez nós, pais, educadores, não queiramos ser como talvez foram connosco, quisemos deixar de lado, e bem, o autoritarismo, o sim pelo sim, o respeitar pelo medo mas, radicalmente, mudamos para a gestão em que tudo ou quase tudo é permissivamente aceite com receio de que não vão eles gostar de nós ou de sermos “gentilmente” apelidados de maus pais, más mães, maus técnicos, maus professores. Ninguém quer ser o mau da fita, o vilão desta tela no cinema.
Ups, desculpem-me mas é verdade, até ficamos sem ar cada vez que as nossas “criaturinhas” lindas nos dizem estas coisas (“tu és má!) e encolhemo-nos até aos ossos!!! Quase que as lágrimas nos saltam. | mas a mama ama-te tanto!|
A verdade é que eles apenas estão a fazer o seu papel e a nós compete-nos fazer o nosso. Não ter medo de guiar, de orientar, de ser o farol.
Muitas vezes inunda-nos um sentimento imenso de culpa e quando não somos nós a sentirmo-nos assim, alguém nos lembra que poderíamos ter feito ou dito desta ou daquela forma, mas descansem pais, sosseguem, coração ao alto, a perfeição não existe. Nada é perfeito. O que deverá existir é a vontade, o esforço contínuo, isso sim, o quer melhorar todos os dias e sempre por eles e por nós.
O caminho passará por perceber que em cada fase neurodesenvolvimental e, tendo em conta o desenvolvimento idiossincrático de cada um importa balizar, delimitar se quiserem disciplinar. Importa dizer não! Importa, SEMPRE pelas lentes do AFETO, dar estrutura e apontar fronteiras só assim as nossas crianças se sentirão seguras, amadas e protegidas. Só assim as estaremos a preparar para a incerteza do futuro.
Precisam saber até onde ir e com o que e quem contar.
Não há que ter medo de amar, de abraçar, de “afegar”, (que tolice, imaginem, dizerem que há afeto a mais… mimo a mais, não me recordo de nenhuma perturbação por excesso destes aspectos !), mas… também não há que recear delimitar, na verdade, a ausência de regras/limites é que quase sempre gera dificuldades e desvios!.
Inegavelmente - Educar rima com Amar que por sua vez rima com Limitar!
Mas como em tudo… a implementação das regras, dos limites, por vezes, não é assim tão pera doce como parece. Não queremos regras “envenenadas”, por isso, aqui ficam algumas dicas gerais:
Importa:
* O que se diz e como se diz;
* Que exista coerência, firmeza, consistência.
* Que se ame incondicionalmente – (amámo-los sempre independentemente do seu comportamento: o comportamento e não eles, isso sim, é que muitas vezes nos tira a tampa);
* Que se certifique que a criança compreendeu o que lhe está a dizer;
*Que as recomendações sejam feitas pela positiva;
*Que possam expressar com abertura os seus sentimentos pois serão ouvidos e validados;
*Que conheçam de antemão quais as consequências pelo cumprimento/incumprimento de determinado comportamento;
*Que não se altere regras a meio do jogo;
* Que a linguagem-verbal e não-verbal sejam congruentes;
E sobretudo: que sejamos nós,
nós TODOS,
de mãos dadas pela educação e pela felicidade mútua, o exemplo !!!


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