segunda-feira, 24 de agosto de 2015

Dar ou não dar colo: eis a questão!!



O colo…
Deve dar-se muito? Pouco? Nenhum? Até quando?

… Na verdade, este tema muito pouco tem de consensual. Vários argumentam a favor e muitos outros contra.
Hoje escrevo-vos sobre “isto” (se é que assim posso dizer) de dar colo!!!

Na minha primeira viagem nestas andanças da maternidade muito li e muitas/os foram os que opinaram sobre a importância ou não de dar colo! Sim, porque todos, de uma forma ou de outra têm a sua opinião a dar!!

Tal como todas as mamas e papas recém chegados a este “encantado mundo novo” também eu queria, quer porque tinha um ser pequenino a depender de mim e não queria falhar, quer por defeito de profissão, fazer tudo bem e direitinho logo desde o primeiro dia.

Sim, o terrível peso auto e hétero imposto de não falhar (como se isso alguma vez fosse possível!). Ohh lord!

Muito tinha lido e na minha cabeça estavam várias teorias sobre o dar colo. A acrescer (e sem desfazer) a equipa de saúde que na altura me acompanhou também fez questão, não todos, mas alguns, de darem o seu contributo e muitos bitaites (“ isso, dê-lhe colo, habitue-o mal desde inicio…. Comece assim e vai ver…. Qualquer dia só chora e não vai querer outra coisa… deite-o na caminha… olhe que fica maçado”) entre outros tantos comentários e olhares assustadores do fundo da porta do quarto ou do corredor….. Ups, e logo nós, pais de primeira viagem, que queríamos educá-lo bem desde o inicio… que no que pudéssemos “controlar” tínhamos prometido não falhar… se calhar já estávamos a pôr o pé na poça…..

Seria assim!?!?!
Naquela altura, eu, e a maioria das minhas parceiras de quarto não querendo correr o risco de voltar a ouvir das boas lá fizemos o que nos mandavam sem a convicção, no entanto, de que seria o melhor.
(Tentar colocá-lo na sua caminha!)!

Efetivamente, o bom senso e talvez o nosso lado mais instintivo, ou se quiserem mesmo animal, parecia-nos querer dizer que não… mas…pela via das dúvidas… Era a nossa primeira vez!!
Eramos mães e pais… agora!

Três anos depois, muitos novos pequenotes vistos nas sessões e mais umas quantas teorias… para mim, agora sim, uma explicação que me faz todo o sentido! Plausível e cientificamente reforça-me a convicção que (o bom senso já na altura me dava mas a teoria ainda não me apadrinhava): colinho sim, OBRIGADA e MUITO!!! Até porque os nossos bebés são bebés carry e não bebés caché!!
(claro que, em determinadas fases desenvolvimentais, principalmente quando os níveis de autonomia se efetivam o colo progressivamente vai ocupando menos lugar… ainda que, sempre vá sabendo muito bem. E nós adultos sabemos disso. Quem não gosta de um colinho?).

Assim, nesta segunda viagem pelo nosso pequenote, escudo ao alto!! Venham, refutem o colo, eu estou preparada!!

Que é isso de *Bebés Carry vs Bebés Cache?!?!?

De acordo com a tipologia de Bergman (investigador e médico sueco) poderíamos classificar os mamíferos (grupo a que pertencemos) de cache, nest, follow e carry. Assim, estariam incluídos na categoria de mamíferos CACHE as crias que à partida sobrevivem sem a permanência da mãe durante longos períodos de tempo, cerca de meio-dia. Durante este tempo estas crias bebés aguentam a ausência da mãe através de mecanismos de contenção, não se mostrando, para se protegerem, aos seus predadores. Incluem-se aqui os roedores como os ratinhos.

Já os mamíferos NEST fisiologicamente precisam muito da sua mamã e dos seus maninhos por perto para poderem sobreviver, daí que se mantenham nas ninhadas após o nascimento como acontece com os nossos fiéis amigos cães ou adoráveis gatinhos. Por sua vez, os mamíferos Follow, como o próprio nome indica são bebés seguidores pelo que não largam de vista a sua progenitora durante todo o santo dia seguindo sempre as suas pisadas para onde quer que ela vá.

Os mamíferos CARRY, por sinal, grupo no qual nós, humanos, nos inserimos, (o grupo mais imaturo de todos) nasce com a necessidade fisiológica de ser continuamente carregado (em inglês carry) pelas nossas mamas. Este mecanismo ajuda-nos a obter a regulação e o calorzinho de que precisamos para nos podermos continuar a saudavelmente desenvolver!
E esta hein? Parece que pode estar explicado? A natureza é de fato maravilhosa!
Não virá então já a necessidade de colinho dos nossos genes? Muito provavelmente.

Mais,
Mamãs e papás vale a pena pensar que, neste minúsculo T0 que é a nossa barriguita, os nossos filhotes sempre nos acompanharam de um lado para o outro e foram naturalmente por nós embalados, certo? Porque não continuarem a sê-lo depois de virem cá para fora? Não será agora que continuam a precisar tanto de nós… e nós deles! Principalmente até aos 6 meses de idade o colinho é uma boa forma dos nossos bébocas aprenderem a encontrarem o seu porto seguro! O nosso toque, o nosso cheiro e até os nossos batimentos cardíacos fazem sentirem-se em casa. A sua casa.

Não hesitem, sigam o vosso coração!!! O colinho seja ele de bruços, de costas, cara a cara ou na vertical, proporciona-lhes aconchego, limites, prazer e segurança, acalma-os eficazmente e torna-os uns pequenotes muito mais felizes. E se eles estão bem…. Nós, naturalmente, também!!! Com efeito, de acordo com estudos recentes de neurobiologia do desenvolvimento infantil, o colo nunca parece ser demais, agora o não dar colo implica poder prejudicar gravemente a saúde neurodesenvolvimental futura do bebé.

(Sobre este tema e para os mais curiosos aconselho um livro que é uma delícia da autora Constança Cordeiro Ferreira. “Os bebés também querem dormir”!=!

Não se esqueçam, aproveitem muito esses rebuçadinhos que são os nossos bebés!

fotos:google


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